sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Hoje não aparenta ser um grande dia. Uma boa manhã. Não páro de pensar, nem páro para pensar. Devidamente, pelo menos. 
Dou por mim a vaguear de forma inconsciente sobre pensamentos passados mas certamente não ultrapassados. Dou por mim a já pouco ou nada me questionar. Ou talvez me questione tanto que perco a noção de todas as minhas perguntas. Mas a certa e sabida, a que todos nos fazemos questão de pensar seja por que razão for: Porquê? A sua resposta é certamente a mais desejada mas a raramente conquistada. Tenho a "sorte", se assim lhe devo chamar, de me teres tentado fazer ver, perceber minimamente. Os motivos, as razões. Explicaste-me, mas não me esclareceste. Deixaste-me sob uma nuvem de pensamentos e perguntas das quais não nunca obterei resposta. Paira sobre mim todos os dias, sem excepção. Às vezes o dia é tão bonito que quase me esqueço que a carrego comigo, que ainda está presente sobre mim. Quase que chego a acreditar que não existe, até. Que nunca existiu. Outras, é tão pesada que torna os dias tão cinzentos que descarrega em cima de mim, inundando me de uma mágoa inexplicável.
Porque é que insistimos em pensar que podemos realmente ser únicos na vida de alguém? Ou, de outra forma, porque é que esse alguém se apodera de nós ao ponto de nos manipular tanto a mente e controlar toda a nossa ingenuidade? Porque é que nos garantem mundos e fundos, se depois não fazem a realidade corresponder com o que nos fazem acreditar? Não percebo.
Soubesse eu explicar-me. Expressar-me. Exprimir-me. Pelo menos ao ponto de conseguir sair de uma situação sem me sentir uma completa incompreendida. 
E no fundo, só gostava que percebesses. Percebesses tudo o que até hoje tentei explicar-te de mil e uma maneiras diferentes. Percebesses tudo aquilo que tentei fazer-te ver, fazer-te sentir. Percebesses tudo aquilo que te dei, que não dei. Que tentei. Percebesses tudo aquilo que nunca te disse, nem nunca te mostrei. 
Estaremos assim tão distantes? Seremos nós de universos tão paralelos... Não nos igualamos em nada, mas acredito que no meio de tanta distância entre dois mundos completamente diferentes, talvez até opostos, nos juntamos num ponto do qual sempre tentámos permanecer. De que nunca tentámos fugir. O único que nos mantém. Por vezes, apenas isso. Manter. Depois de pouco ou nada continuar a existir. Manter, só. 
Será que somos assim tão egoístas ao ponto de não nos libertarmos de vez? Deixámos os esforços e agora só forçamos. Tudo aquilo que, talvez, já não tenha saída. Tudo aquilo que, talvez, para além de nunca ter tido, nunca terá. Mantemo-nos mutuamente agarrados ao que se calhar já nem sabemos quando e como deixou de existir. 
Prendo-te comigo. Prendes-me contigo. Fará isto sentido? Continuará, isto, a ter sentido? É possível que não. Como é igualmente possível nunca sequer ter tido. Mas nós tínhamos um, um sentido nunca antes sentido. E talvez seja por isso que não nos deixamos partir. Penso que ambos somos conscientes do que se passou aqui. Do que aqui houve. Do que realmente existiu. Talvez ainda não nos tenhamos interado de que, existiu, apenas. Que o único lugar onde continua a existir é no passado. 
Somos nós tão ou tão pouco amantes do nosso amor que o tenhamos de destruir por completo só para, apenas, continuar? Só para, apenas, permanecer. Uma continuação sem fim, sem saída, sem solução. A típica expressão do "vira o disco e toca o mesmo". É assim que funciona, é assim que funcionamos. Só não nos apercebemos disso. 
Pior, apercebemo-nos. Só não nos habituamos.